Castelo de Areia

Data de Lançamento: 29 de maio de 2020

Feat de ZéVitor e Konai, Castelo de Areia transcende ondas passageiras

A história de Dom Quixote é conhecida. Fidalgo cavaleiro que decide sair em busca de aventuras e, obcecado por Dulcineia, uma mulher imaginária, passa a enfrentar moinhos de vento como se dragões fossem.

Dizem que a pessoa por quem a gente se apaixona é sempre uma invenção. Nesse sentido, entre o célebre personagem de Cervantes e o da canção Castelo de Areia, de ZéVitor e seu fiel escudeiro Konai, não há mesmo muita diferença: “Você é fruto de um devaneio/Noite passada eu nem lembrava meu nome/Eu bebi para esclarecer e escureceu/Só percebi quando te vi indo pra longe de mim/Pra que lutar assim”.

A letra dessa – e, em última análise, a de todas as recentes composições de ZéVitor – contém aspectos distintos e, quase sempre, complementares. Não é fácil, afinal, mesclar imagens contemporâneas, como o Whatsapp, e medievais, como “castelo”, “rei” e “rainha”, sem perder o fio da meada. Sim, a faixa começa com “Minha mensagem não fica azul/Você nem visualiza” e termina com “Eu vim de muito longe, cavaleiro andante/Me chamo Dom Quixote e não sou como antes”.

Num contexto atual, porém, quem pode negar que certos códigos de comunicação – ou falta de –, tenham se tornado os dragões que nos separam de nossas Dulcineias? –imaginárias ou não.

Pois se a temática predominante das canções de ZéVitor é o bom e velho amor que se desfaz, em termos estéticos sua obra vai se configurando um consistente mosaico de intertextualidades e referências místicas, da alta literatura às cartas do tarô, sem deixar de ser, contudo, pop e facilmente assimilável. Vide, por exemplo, as HQ’s de Lucas Paixão que acompanham este release e compõem o conceito visual desse single, por assim dizer, quixotesco.